IEG Limeira: 17 anos a serviço da inclusão social e racial (2004 -2021
José Benedito de Barros
A criação do IEG ocorreu em
27 de novembro de 2004. Eu me lembro muito bem quando tudo começou.
O IEG foi criado por iniciativa
de militantes do Movimento Ginga de Limeira.
O GINGA
- Grupo de Igualdade, Cultura, Negritude e Garra Africana. tinha sido fundado entre
os anos 1982 e 1983, com uma proposta de luta por políticas públicas de
igualdade étnico-racial e foi fundado por jovens negros e negras que queriam
promover s inclusão social da comunidade negra nos espaços públicos e privados.
O contexto de criação do GINGA foi a redemocratização do país.
Em
2004, eu, o José Galdino de Souza, o Mário Cesar Rodrigues (Macuco) e a Cleide
Inês dos Santos (Akota Mbandi), já falecida, militávamos no GINGA e tivemos a
ideia de criar o IEG. O momento era adequado. O GINGA já vinha oferecendo cursos
há algum tempo: em 2002, cursos jurídicos e em 2003 e 2004, cursos
pré-universitários. O objetivo era preparar nossos jovens para o ingresso no
Mercado de Trabalho e na Universidade. Mas sonhávamos com algo mais ousado: oferecer
cursos de nível universitário (Faculdade, Universidade), como é feito em São
Paulo, com a Faculdade Zumbidos Palmares. Nós teríamos, então a UNIGINGA.
O IEG
tem uma história linda. Muitos jovens frequentaram nossos cursos e, quando os
encontramos, sempre perguntam se continuamos nosso trabalho; que o IEG foi
relevante para a formação deles.
A maioria dos cursos do IEG eram financiados
pelos próprios membros que doavam sus poucos recursos para que o projeto
tivesse continuidade. Em 2007 e 2008 o IEG contou com o apoio do Governo
Federal para oferece seus cursos. Graças ao nosso querido José Galdino de Souza
Clemente, cofundador do GINGA e do IEG, militante aguerrido pela causa da
comunidade negra, que tinha grande articulação com os Deputados Antonio Mentor
(Estadual) e José Mentor (Federal), foi possível a aprovação de um projeto de
apoio da Petrobrás.
Findo
o período de financiamento público, as dificuldades retornaram e o ritmo do IEG
foi diminuindo. A conjuntura econômica e política do país foi se alterando,
desfavorecendo novos financiamentos públicos. Por fim, veio a pandemia que fez
com que nos recolhêssemos em nossas casas. Isso nos obrigou a repensar nosso
projeto e criar novas estratégias para mantê-lo vivo.
Chegamos
ao ano de 2021 e, à medida que a pandemia, foi retrocedendo, começamos as
articulações para a retomada com novo ânimo.
Agora
estamos prontos: estamos voltando. Queremos promover a inclusão das pessoas das
comunidades socialmente vulneráveis ao Mercado de Trabalho, com nossa Filosofia
da Diferença, que reconhece, valoriza e fortalece a multiplicidade e a singularidade
dos povos do Brasil e no Brasil.
Isso significa
que devemos aprofundar nossos conhecimentos sobre essas comunidades e sobre o
Mercado de Trabalho, pois tudo flui, tudo muda, tudo é devir e, muitas vezes,
não conseguimos acompanhar esse dinamismo da realidade.
Quando
nos referimos às comunidades socialmente vulneráreis, estamos falando de quem?
Estamos falando de pessoas da Comunidade Negra, da Comunidade Indígena, das Comunidades
Quilombolas, das Comunidades Tradicionais afro-brasileiras, como as comunidades
religiosas de terreiro, os grupos de capoeira, dos grupos musicais e artísticos
afro-brasileiros; estamos falando do povo em situação de rua, dos refugiados e
imigrantes (como os haitianos e africanos), das pessoas das comunidades
LGBTQIA+, das pessoas de famílias de baixa renda, da Comunidade Surda, das
pessoas com classificação médica PCD, dentre outros e outras.
Estamos
apresentando nosso projeto para a Comunidade e as respostas têm sido muito
positivas.
Isso
nos faz sonhar de novo. Já vislumbramos os Outdoors nas ruas e nas mídias
sociais: “UNIGINGA está com inscrições abertas”... Talvez MULTIGINGA, pois são múltiplos
os saberes.
Viva o
GINGA! Vida longa ao IEG!
José Benedito de Barros
Mestre em Educação (Unesp), Militante do Movimento Ginga desde 1988, cofundador e primeiro presidente do Instituto Educacional Ginga - IEG.
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