segunda-feira, 25 de abril de 2011

Alckmin corta aulas da rede pública em escola de idioma

        Tucano encerra projeto criado por Serra que atendeu a 80,8 mil alunos em 2010

Cursos nos centros da própria rede, afirma a secretaria, serão ampliados, mas não existe prazo para isso
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
O governo Geraldo Alckmin (PSDB) acabou com o programa criado por seu antecessor, José Serra (PSDB), que oferecia aulas extracurriculares de idiomas em escolas privadas a alunos da rede estadual. Em 2010, haviam sido atendidos 80,8 mil alunos.
Além das aulas regulares de inglês e espanhol, alunos das escolas estaduais podiam fazer cursos extras de idiomas na rede particular, por meio de uma bolsa concedida pelo Estado, ou em centros de idiomas que existem na própria rede pública.
Para a atual Secretaria da Educação de SP, os cursos em seus próprios centros de idiomas (que hoje atendem a 58 mil alunos) são mais baratos, têm evasão menor e, por isso, serão ampliados.
Por enquanto, os 80,8 mil alunos que fizeram os cursos na rede particular estão sem aulas desde o início do ano.
Segundo a Folha apurou, a secretaria apresentará nos próximos dias proposta para oferecer 200 mil vagas nos seus centros de idiomas.
Cerca de 3 milhões de alunos entre a sexta série e o terceiro ano do médio podem usufruir do benefício.
A secretaria, porém, não explica quando as aulas irão começar nem como conseguirá ampliar o atendimento, já que muitas escolas não têm infraestrutura para essas aulas a mais.
Para a gestão Serra, convênios com escolas como CCAA, Cultura Inglesa e Wizard eram a melhor forma de expandir vagas, pois os seus centros estavam presentes em só 98 dos 645 municípios.
Em nota à Folha, a atual secretaria diz que, para atender a 80,8 mil alunos na rede privada, o Estado gastou o equivalente a R$ 507 por aluno/ano. Para os dos seus próprios centros, R$ 14.
Mas o dado informado pela pasta desconsidera gasto com salário dos docentes, que são da própria rede -a secretaria disse que não seria possível fazer esse cálculo.
Ainda segundo a gestão Alckmin, a taxa de evasão nos seus centros de idiomas foi de 14%, "bem inferior" aos 32% nas particulares.
Durante a campanha eleitoral do ano passado, Alckmin prometeu que 600 mil estudantes iriam fazer curso extracurricular de idiomas -não especificou, porém, se seriam por meio da rede particular ou dos centros.
Secretário da Educação do governo Serra, Paulo Renato Souza não quis comentar a decisão do atual governo de encerrar o programa nem as críticas em relação aos custos. Disse apenas "lamentar a decisão". "Era um programa pelo qual o próprio Alckmin tinha apreço."

Fonte: Folha de São Paulo em 25-04-2011.

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